Histórias mal contadas (4º curso para jornalista do IBMEC)

24-05-2011 16:42

 

 

Quem nunca cometeu erros por conta de  mitos cristalizados no imaginário popular que lance a primeira pedra. Até os “porta-vozes da informação”, os jornalistas, cambaleiam e erram ao publicar conteúdos com mitos que parecem ter se consolidado como verdades. Para quem lida com a informação, conhecer sobre o que se pretende abordar é fundamental 

Por André Martins e Kátia Brito
(Alunos do 7º período selecionados para participar do Curso para jornalistas do IBMEC)

Segundo o dicionário Houaiss, mito é a representação de fatos e/ou personagens históricos amplificados através do imaginário coletivo e de longas tradições literárias ou escritas. Desconhecemos a origem de vários mitos ou ideias pré-concebidas. Algumas dizem respeito ao Oriente Médio e aos que nele habitam. Pensar que todo muçulmano é radical e está disposto a matar e morrer por Alá, é um exemplo claro. 

No dia 12 de maio, na abertura 4º curso para jornalistas do IBMEC, o mestre em teoria política pela Columbia University (NY) e professor do curso de relações internacionais do IBMEC Diogo Costa listou os 11 mitos mais comuns que geralmente são associados ao mundo islâmico: 

1.Osama Bin Laden não morreu;

2.Todos os muçulmanos são árabes;

3.Toda mulher islâmica tem que usar véu;

4.Xiita é sinônimo de radical islâmico;

5.O islã sempre foi fundamentalista;

6. Terroristas não se preocupam com economia;

7. Só o Estado é eficaz em garantir nossa segurança;

8. O mundo está ficando mais belicoso;

9. O islã é incompatível com a democracia liberal;

10. O fundamentalismo nada tem a ver com o ocidente;

11. A guerra no mundo islâmico é puramente militar.

 

Os mitos estão disseminados pela rede mundial de computadores. No Ocidente, principalmente nos Estados Unidos, tais pré-conceitos ganham contornos ainda mais fortes. O mulçumanismo quase sempre está vinculado ao mundo árabe, porém, os dados comprovam que apenas 20% dos árabes são mulçumanos. “Os países com maior número de praticantes da religião islã são Indonésia e Irã, ambos não são árabes”, esclarece o professor Diogo Costa. E assim, Costa foi desconstruindo mito a mito.

Leia alguns trechos da palestra: 

Sobre a operação americana que resultou na morte de Osama Bin Landen, no Paquistão: 

“Por mais que se apresentem provas, nenhuma delas será suficiente para provar que Bin Laden foi, de fato, morto pelos Estados Unidos”. 

Sobre a relação entre o investimento dos terroristas e dos governos do Ocidente: 

“Para os terroristas, as instabilidades no mundo capitalista tem grande relevância. As ações do Ocidente para prevenir ações terroristas, que movimentam grandes valores, são motivo de comemoração, uma vez que os extremistas empregam valores mínimos para fazerem vítimas”. 

Por certo, o momento mais interessante da palestra foi a análise a respeito do que os especialistas têm chamado de “Primavera Árabe”, movimento popular em prol da implantação da democracia em diversos países do norte africano e sudoeste asiático, exemplo da Líbia, de Kadaffi e Egito, de Mubarack. 

No segundo momento da palestra, o professor entrou em contato, via Skype, com um jornalista iraquiano que contou experiências, avaliou a onda democrática que vem se espalhando pelo mundo árabe e Oriente Médio e analisou a maneira como a imprensa internacional tem retratado a região e os conflitos que lhe são peculiares. O público pôde interagir com o iraquiano e lhe fazer perguntas. 

No término da palestra, Costa pontuou algumas questões que, acredita-se, tomarão as páginas de jornais e serão pauta de discussões nos noticiários televisivos: 

1. As próximas eleições americanas e a postura dos republicanos;
2. O impacto da Primavera Árabe nos países não árabes como Turquia e Irã;
3. Síria e Líbia precisarão de governos militares de transição?
4. Qual será o futuro de Israel, sendo a Palestina reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU)? 

A mídia já esboça algo em relação a tais assuntos. É necessário cuidado por parte dos jornalistas para e não se tornar  apenas um reprodutor de informação. Mito é história, informação é conhecimento, ciência - é o que define o dicionário. 

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