Democracia e comunicação via blog

O mundo vislumbra novas possibilidades no ambiente digital. Mas será que já exploramos o suficiente?

Certamente avançamos nesse quesito. Os veículos de comunicação em massa não dominam mais a produção e difusão dos fatos. Há fabricantes de conteúdo de qualidade por toda a parte. Os blogs e sites pessoais de destaque ganharam credibilidade e pautam os veículos comuns (quando não passam a fazer parte deles). A conexão em rede facilitou esse esquema de distribuição do trabalho e, atualmente, há blogueiros mais importantes que jornalistas formados.

Não obstante, vamos ser um pouco mais realistas quanto a essa percepção. Produzir para a web é fácil. Produzir conteúdo de qualidade para a web é o que pesa. Entramos mais uma vez naquele paradoxo do crescimento percebido por poucos. Enquanto os postos de “pessoas-referência” crescem em progressão aritmética, o número de produtores cresce em progressão geométrica.

Dizemos que a mídia está mudada. Todavia, vamos parar e refletir um pouco. Você é um produtor de conteúdo em um blog gratuito. Insere seu domínio nas buscas do Google, utiliza as Tags corretamente e está produzindo regularmente. Será que vai mesmo se tornar referência sem que uma pessoa importante da mídia, seja ela digital ou não, divulgue o seu conteúdo no canal em que ela é destaque?

Peraí. Isso não está parecendo uma releitura da Teoria dos Efeitos Limitados? Eliminamos o controle da informação, é claro. Mas seguimos o mesmo preceito de validação do conteúdo por pessoas referência de cada nicho, não é verdade?

Embora muitos blogueiros não sejam comunicadores graduados, eles cumprem e correspondem à necessidade do grupo para o qual produzem. Essa deve ser a tarefa dos novos jornalistas: competir pela especificidade. Com ou sem diploma, tem gente produzindo, e bem. Não basta usar o bacharelado como escudo.