Aluno do Jornalismo em cobertura internacional

26-04-2011 16:16

 

 

Letícia Bessa
 

O aluno do curso de Jornalismo do UniBH Lucas Souto vivenciou na pela a realidade da profissão. Durante nove dias (26/03 a 04/04), o futuro jornalista esteve em Joanesburgo, na África do Sul, onde acompanhou de perto o campeonato internacional de futebol Sub-17 Future Champions 2011. Durante o evento entrevistou personalidades e promoveu a cobertura multimídia do campeonato. Lucas foi um dos alunos que participou da mesma cobertura no UniBH, que recebeu a edição 2010 do Future Champions, em dezembro. O grande desafio, após aprovação no processo seletivo, foi trabalhar, sozinho, na atualização do Twitter e Facebook oficiais com notícias em inglês, além da gravação de vídeos para o YouTube.

Além da experiência profissional e ampliação de sua rede de contatos, Lucas compartilha com a comunidade do UniBH outras experiências em um relato que registra desde as primeiras horas de viagem até a fase de adaptação com comidas típicas e visitas a locais inusitados. Confira!


De BH à Joanesburgo

Parti no dia 26 de março rumo a Joanesburgo, África do Sul. Na mesma aeronave estava a delegação do Clube Atlético Mineiro e o time chileno Universidad Catolica. Aproveitei o momento para gravar entrevistas com os atletas.
A maioria dos garotos brasileiros nunca havia viajado de avião, muito menos visitado outro país. Tudo era novidade e festa para eles. Estavam ansiosos com a disputa.

Durante as 9 horas de vôo, as comidas estranhas servidas no avião eram o sinal do que eu iria comer dali para frente. Os pratos da culinária sul-africana são exóticos. A variedade dos alimentos é muito grande: arroz colorido, espetos, linguiças de fazendas, carnes exóticas e de cortes especiais, além das quitandas, como tortas, pães. A alimentação carrega fortes sabores, pois é temperada com molhos ou pimentas.

Recepção

À nossa espera no Orlando International Airport, o maior e mais movimentado aeroporto da África, estava o Sr. Ray Whelan, presidente da Match. A empresa é responsável pelos direitos do “Future Champions” e da logística hoteleira e de ingressos das Copas do Mundo. Fui recebido com simpatia pelo presidente e já marcamos uma reunião ali mesmo. A polícia também nos aguardava. É lei na África do Sul: toda delegação esportiva internacional deve ser escoltada pela polícia. De lá, partimos para o hotel.

Joanesburgo é a maior cidade da África do Sul. Com cerca de 5,3 milhões de habitantes, é a quarta maior do continente africano e é a capital da província de Gauteng, bem como sede da Corte Constitucional Sul-africana. É o maior centro industrial e financeiro do país. As avenidas da cidade são muito largas e há poucos ônibus coletivos, ao contrário do que vemos no Brasil. O transporte público é feito por vans e há pouquíssimos e disputados táxis. Se o turista quiser sair, deve-se combinar com o motorista o horário de retorno. Esses fatores explicam a enorme frota de carros existente na cidade.

Atuação multimídia

Hospedei-me no mesmo hotel que estavam os times e a equipe da Match. Às duas horas daquele dia, reuni-me com o Sr. Ray, com o Sr. Paul, responsável pela comunicação da Match, e com o Sr Raymond, proprietário de uma empresa de tecnologia que criou um aplicativo do Future Champions para smartphones. Ali foram apresentadas as minhas tarefas: administrar e criar o layout do twitter, criar a página do Future Champions no facebook e atualizar o site do evento. Além disso, eu era responsável por entrevistar atletas e técnicos, filmar jogos e criar um canal do evento no Youtube. Tudo em inglês.

No primeiro dia acordei às 6 horas da manhã e, as sete, parti, de carro, com a equipe da Match, para o campo de futebol chamado Nike Footbal Traning Centre, em Soweto. Essa região ficou conhecida na época do Apartheid por ser foco de resistência antirracista e de protestos dos negros contra a política oficial de discriminação racial. Uma dessas manifestações foi violentamente reprimida pela polícia em 16 de Junho de 1976, passando à história como o Massacre de Soweto.
Eu trabalhava numa sala confortável. Não tinha visão do campo, mas havia um colaborador responsável por me passar cada detalhe dos jogos. Como também possuía a função de filmar os jogos e entrevistar pessoas, me dividia entre as várias funções.

No primeiro dia, minha primeira entrevista foi com o secretário especial do Governo de Minas para a Copa do Mundo, Sérgio Barroso. Naquela noite visitamos e jantamos rapidamente no shopping Nelson Mandela Square, que fica em Sandtown, região rica de Joanesburgo. O Nelson Mandela Square é um lugar curioso, já que é formado por vários shoppings, restaurantes, hotéis, prédios e passarelas, tudo interligado por passarelas cobertas. Há, claro, uma área externa com alguns restaurantes, cafés e uma bela estátua de Mandela, sorridente como sempre. De tanto luxo, o lugar me lembrou NYC e inclusive conta com uma rua chamada Quinta Avenida.

Foram dias de intenso trabalho e muitos obstáculos. Às vezes eu retornava ao hotel às 19 horas e trabalhava até as 23h. Numa dessas noites, um repórter da CBN ligou para me entrevistar. Queria informações sobre o meu trabalho no Future Champions e, obviamente, saber notícias da atuação do Atlético. Nessa conversa cheguei à conclusão que sou melhor entrevistador que entrevistado.

City Tour

Na quinta-feira tivemos uma pausa nos jogos e todos os times, cerca de 400 pessoas, visitaram o parque Sun City, pela manhã. O local é um luxuoso e extravagante resort situado no coração Bushveld sul-africano, província North-West, a 190 km de Johanesburgo e próximo ao Pilanesberg National Park. É um complexo de entretenimento que inclui hotéis com cassino, passeio de balão e para-pente, observação de pássaros, safári, cinemas, shows e instalações para a prática de vários esportes. Pode ser entendido como um parque temático.

O Palácio da Cidade Perdida (Palace of the Lost City) ocupa uma área de 250 mil m² e exagera nas atrações. Inclui cachoeiras, amostras de florestas, campo de golfe com jacarés e aquários.

À tarde, fizemos um safári com motoristas armados. Vimos muitos animais: zebras, girafas, rinocerontes, pássaros e, é claro, leões. Pela noite jantamos ali mesmo, dentro da savana africana, onde cercas separavam os animais da área de convívio. A energia do local era fornecida por geradores, havia fogueiras e artistas tocavam tambores e instrumentos típicos. Várias autoridades sul-africanas estavam presentes no jantar. Em toda a minha vida, nunca havia imaginado que um dia jantaria em plena selva ao som de tambores. Foi o único dia de descanso que tive naquela semana.

Acompanhamento online

Durante esses dias contei com a ajuda da professora Lorena Tárcia que, diretamente de Belo Horizonte, acordava as 4 horas da manhã para me ajudar. Conseguimos colocar o Future Champions nos top trends do twitter em BH. Além disso, o perfil do evento no Facebook crescia a cada dia, com usuários de todas as partes do mundo. ]

Crescimento profissional

Foi uma grande experiência de aprendizado cultural e profissional. Conheci gente de todas as partes do mundo e aprendi com cada cultura. Troquei algumas experiências com repórteres da sul-africana TV SuperSport 4 e aprendi bastante.

Agradecimentos

Quero agradecer à professora Lorena Tárcia pelo apoio nas madrugadas; e ao coordenador do curso de Jornalismo do UniBH, professor Luciano Ribeiro, pelo apoio após a minha seleção. Também agradeço à pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Juliana Salvador; e à coordenadora de Extensão e Pesquisa, Yluska Bambirra, por terem me proporcionado todas as ferramentas e informações necessárias para que a viagem fosse segura e produtiva.

Lucas Souto, 23 anos

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