O homem capaz de dominar a máquina

07-04-2011 18:00

Um sistema de controle de eletroeletrônicos mostra que é possível conviver com diversos aparelhos sem perder o domínio de uso sobre eles

Por Andreza Barcelos e Stephanie Gomes 

Viajar com a família sem ter que se preocupar com a irrigação da plantação. Na volta para casa, ter a possibilidade de desligar a cafeteira que por distração ficou ligada no escritório. Essas e outras facilidades são propostas pelo sistema L.A.E (Logical Automation Engeneering), criado pelo grupo estudantil Master Minds. “O objetivo é fornecer ao cliente um modo fácil, dinâmico e simplificado de acessar diversos aparelhos eletroeletrônicos conectados ao sistema e controlá-los de qualquer lugar”, explica o representante do grupo, Roberto Fajardo.

A modernidade se apresenta por meio de sofisticados aparelhos eletrônicos. Independente da classe social é possível encontrar em uma residência diversos eletroeletrônicos que ofereçam desde os serviços mais essenciais, como lâmpadas para iluminação de interiores, até os mais contemporâneos, como climatizadores para ajustar a temperatura ambiente de acordo com o gosto do morador. Mas aderir a esse estilo de vida comandado pela Era Eletrônica pode resultar em um problema muito comum: a falta de controle diante de tanta tecnologia.

O sistema L.A.E pode ser utilizado  por meio de um aparelho notebook touchscreen, formato que possibilita o transporte fácil para qualquer lugar, ou  por um computador com o sistema operacional Windows instalado. Os aparelhos eletrônicos conectados ao sistema podem ser ligados ou desligados por ele, sem a interferência de controles. Vantagem para aqueles que sempre confundem o controle remoto da TV com o do Home Theater, do som e o conversor digital. Basta que o eletroeletrônico esteja ligado a uma tomada para ser controlado pelo sistema L.A.E.

As empresas também começam a sentir o reflexo do cotidiano cada vez mais digitalizado. “Atualmente, tenho três estandes em feiras-shops, uma loja tradicional e projeto para criação de mais uma, em 2011. Com relação às lojas, preciso dedicar mais atenção porque não tenho nenhum respaldo, como na feira. Somando a minha rotina, que além de super agitada, inclui várias viagens durante o ano, considero sensacional um sistema que me permita controlar meu estabelecimento onde quer que eu esteja”, afirma Maria de Fátima Martins, microempresária. 

Interessado nesse perfil de cliente, que deseja conforto e praticidade, o Master Minds implantou no L.A.E algumas inovações em relação aos seus similares, e entre elas está o acesso via internet 3G ou Wi-Fi. “Já existiam projetos similares no mercado, porém nós tentamos inovar com uma interface mais agradável. Além da utilização da internet, disponibilizamos vários outros recursos, como a agenda de mudanças, relatórios diários ou por eventos, recursos de voz e o uso do RFID”, comenta Fajardo.  

A tecnologia RFID utiliza a frequência de rádio para captura de dados. Nos últimos anos, ela vem sendo utilizada por empresas que estão substituindo o uso do código de barras pela leitura da Tag RFID. Existente desde a década de 1940, o dispositivo oferece entre outras vantagens, maior segurança para o cliente, por limitar ocorrência de roubos, produção de inventários, simplicidade de logística e aumento da produtividade.

O L.A.E utiliza a tecnologia RFID para autenticação de forma facilitada dos usuários. Para uma pessoa entrar no sistema L.A.E, ela precisa aproximar a Tag RFID ao leitor que após a identificação pedirá uma senha, previamente cadastrada pelo cliente. Fajardo explica que, o pedido de senha torna o programa ainda mais seguro.

O controle e acompanhamento do sistema serão feitos por intermédio de funcionalidades já embutidas no sistema. São eles: controle de uso, exceções, login, relatórios que são enviados para o e-mail do grupo, entre outros. O Master Minds também oferece visitas regulares ao estabelecimento para verificar a integridade dos aparelhos e como estão sendo utilizados, além de acompanhamento por e-mail.  

O acompanhamento é essencial para clientes ainda pouco habituados aos avanços tecnológicos. “Confesso que não tenho muita afinidade com esses aparelhos modernos, mas reconheço a importância deles. Sou dona de um sítio de festas, e quando alugo nem sempre fico presente até o final do evento. Esse sistema é interessante porque eu poderia ter certeza se todas as luzes foram apagadas, se o alarme foi ligado, se o portão foi fechado. Evitaria desperdícios”, elogia a proprietária do imóvel, Áurea Diniz.

Da ideia à criação

        O grupo criador do dispositivo L.A.E, Master Minds é formado por cinco alunos do Curso Técnico em Informática do COTEMIG. O projeto foi desenvolvido durante todo o ano de 2010 e apresentado ao público no mês de novembro, em uma feira de informática promovida pela instituição. Cada integrante do grupo ficou responsável por uma ou mais tarefas, entre elas programação, análise, elétrica, documentação e pesquisa.

        A viabilização ficou totalmente por conta do Master Minds, que detem todos os direitos sobre a criação. Farjado conta que ainda não há planos de divulgação para o futuro, nem clientes prospectados. Mas, adianta que o sistema já está a disposição dos interessados em implantá-lo em residências ou empresas.

        O sistema ainda não chegou ao mercado, mas já conta com o reconhecimento e prestígio de profissionais do ramo de informática. Durante a feira de apresentação, o grupo conquistou os prêmios de Destaque Acadêmico e Estande mais Atrativo. 

Formando novos cientistas

        Cursos técnicos são cada vez mais procurados pela sociedade, pois além da qualificação profissional bastante reconhecida no mercado de trabalho, esse tipo de formação tem revelado novos cientistas eletrônicos e inúmeros projetos inovadores na área tecnológica.

        Entre os vários casos bem sucedidos, de alunos que produziram sistemas de igual qualidade a de um profissional, está o Plano de Atividades de Manutenção para a Comau, de autoria dos vencedores do Prêmio Universitário Comau 2010, Diego Henrique Antunes Nascimento e Lucas Henrique Mesquita Melo. Estudantes do curso técnico de mecânica do CEFET-MG, para desenvolver o plano os jovens se basearam na análise dos resultados obtidos no estudo de confiabilidade e uma metodologia científica.

        A procura por cursos na área tecnológica tem incentivado escolas tradicionais a abrirem novos cursos. Esse foi o caso da escola Coltec - UFMG, com mais de 40 anos na especialização das áreas de Eletrônica, Patologia Clínica e Química, que incluiu em seu currículo o curso de Informática. A procura pelo curso surpreendeu a instituição, no último concurso o número era de 36 candidatos por vaga. Segundo Márcio Fantini, diretor do colégio, pelo menos 123 vagas são preenchidas via concurso público e as demais são destinadas aos alunos que já estão matriculados no Coltec. De acordo com dados do site, no último ano quatro mil candidatos disputaram 124 vagas.

        Não é por acaso que os trabalhos de conclusão dos cursos técnicos estão cada vez mais elaborados. Muitas instituições incentivam a criatividade e aperfeiçoamento dos trabalhos por meio de premiações. O prêmio Técnico Empreendedor, promovido pelo Sebrae, é um exemplo desse tipo de iniciativa.

        A edição do prêmio deste ano, que contou com apoio do Ministério da Educação (MEC), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Banco do Brasil, teve 457 projetos inscritos, sendo 52 somente do estado de Minas Gerais. Foram classificados 17 projetos na etapa regional Sudeste, sendo 13 projetos mineiros. Os vencedores são estudantes da Universidade Federal de Viçosa e do Instituto Federal do Sul de Minas.

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